Maconha afeta as funções cerebrais


  • 8 de novembro de 2010 | 

  • 23h40 | 

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  • Categoria: Saúde
    ISIS BRUM
    O uso diário e crônico de maconha prejudica a memória e a capacidade de se organizar e planejar ações do cotidiano ao longo da vida. Quanto maior o consumo da droga por pessoas cada vez mais jovens, mais cedo os danos neurológicos tendem a surgir.
    Esse é o resultado da tese de doutorado realizado pela pesquisadora Maria Alice Fontes, do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 173 dependentes da droga.
    O comportamento deles foi comparado ao de 55 pessoas não usuárias, com a mesma faixa etária e o mesmo nível de escolaridade. O grupo foi submetido a avaliações cognitivas que testaram, entre outros itens, a capacidade de memorizar informações, manter a atenção, de organizar e planejar atividades do cotidiano e de controlar seus impulsos.
    Entre os que habitualmente fumaram de um cigarro e meio de maconha a dois todos os dias, por ao menos uma década, apresentaram déficits de cognição.
    Já no grupo de dependentes que começou consumir a droga antes dos 15 anos, foi constatado déficit de atenção, da função executiva (organizacional) e controle da impulsividade.
    “Isso ocorre porque o cérebro se desenvolve até os 20 anos de idade. Assim, a droga interfere mais no desenvolvimento dos jovens do aqueles que iniciaram sua experiência mais velhos”, explica Maria Alice.
    Usuário recreativo
    Nem todos concordam com a tese. “Estamos falando de dependentes químicos graves. Não tem a ver com maconha, mas com dependência”, diz o psiquiatra e professor livre-docente Dartiu Xavier da Silveira, também da Unifesp.
    De acordo com Silveira, a literatura médica mundial comprova que 95% dos usuários de maconha são recreativos.
    “A pesquisa não está errada, mas acho que se toma a parte pelo todo”, justifica.
    “Se eu analisar apenas pessoas que tomam cinco doses de bebida alcoólica todos os dias, há dez anos, eu posso dizer que o álcool faz mal à saúde?”.
    Apesar das divergências, Silveira concorda que o uso de psicotrópicos por jovens com menos de 20 anos causam danos neurológicos. “Nos adultos, são transitórios e reversíveis”, garante.
    Um levantamento realizado no ano passado pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), unidade ligada à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, mostrou que cerca de dois terços (67%) dos adolescentes atendidos na unidade localizada na capital paulista fazem uso de droga e 2% experimentaram algum tipo de entorpecente aos 7 anos.
    O princípio ativo da maconha, o tetrahidrocanabiol (THC), age na parte do cérebro associada à recompensa, como a nicotina, dando sensação de prazer.

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