Vestibular e internet tiram sono de jovens


  • 1 de abril de 2011 | 

  • 23h32 | 

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  • Categoria: Saúde
    FELIPE ODA
    O computador e a pressão vivida do período pré-vestibular estragam o sono dos adolescentes paulistanos. É o que mostra um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com 529 jovens, com idade de 16 a 19 anos. Entre eles, 75,9% apresentavam indisposição pela manhã e 45,9% tinham sonolência diurna, quadros que interferem diretamente no processo de aprendizagem, segundo os especialistas.
    Participaram da pesquisa estudantes de escolas particulares e públicas, além de alunos de cursos pré-vestibulares. Coordenadora do levantamento e doutora em saúde da criança e do adolescente pela Unicamp, Célia Regina da Silva Rocha diz que os estudantes têm dormido menos e pior. “Nossos adolescentes dormem só de cinco a sete horas por noite.”
    A pesquisadora concluiu que os jovens, às custas de horas de sono, “estendem demais o dia”. E fazem isso para “dar conta de tudo: navegar na internet, estudar, ver televisão, sair com os amigos”. É exatamente essa a estratégia do estudante Viniccius Martins Boaventura, de 17 anos. “Sei que eu dormiria melhor se desligasse o computador às 22h, mas não consigo”, afirma.
    Boaventura diz que costuma dormir entre 23h30 e meia noite e precisa acordar às 6h, para ir ao cursinho. A culpa do sono insuficiente também é da TV, segundo ele. “É o computador no colo e a televisão ligada disputando a (minha) atenção”, garante. E assume que, na hora de relaxar, sente dificuldades. “Passo dos 20 minutos até conseguir pegar no sono.”
    Segundo Célia, o lado psicológico também interfere no descanso dos jovens. A pressão do vestibular, dos amigos e parentes, assim como a necessidade dele fazer uma escolha profissional são de tirar o sono. “O jovem tem de fazer uma decisão e imagina que ela é para ‘toda a vida’. A qualidade do sono é prejudicada por esse estresse do período.”
    Para Boaventura, dormir à tarde é um jeito de tentar recuperar o sono perdido durante à noite. “Quando durmo mal, não consigo estudar à tarde. No cursinho eu tomo café para não dormir, mas em casa eu durmo pelo menos uma hora e meia para aguentar fazer os exercícios”, admite.
    Soneca vespertinaA estratégia da compensação, contudo, não funciona, segundo os especialistas ouvidos pelo JT. “Dormir no final de semana por aqueles dias na balada, na internet ou estudando até tarde não tem efeito”, sentencia Célia.
    Professora da Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas) e pesquisadora da Unicamp, a psicóloga Gema Mesquita diz que TVs e computadores têm duas características prejudiciais para o sono. “A primeira é a interação física e mental que envolve o ato de navegar na internet e assistir à TV. A segunda é a luminosidade”, explica. Nesse sentido, o computador é ainda mais prejudicial que a TV, pela grande proximidade do usuário com a tela.
    Noites mal dormidas podem reduzir a concentração e o controle emocional, além de afetarem a memória. “Podem comprometer até mesmo o rendimento cognitivo”, explica Flávio Alóe, neurologista e neurofisiologista do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

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