Querido Braille...

Por
Professor Vitor Alberto da Silva Marques
Reproduzo aqui texto como tributo permanente que fiz a Luiz Braille.
Ele sempre é atual.
Aí vai homenagem de minha lavra feita a Louis Braille, já que sua data
de nascimento se aproxima.
 
Louis Braille e sua utopia

Conversa íntima com Braille

Este trabalho é dedicado aos brailistas e simpatizantes  do sistema.
Louis Braille Figura Imortal por seu legado

Estimado companheiro Braille! Tudo indica, pelo amanhecer que se
afigura, que hoje, o Sol, nossso divino astro, se abrirá para nós, nesta parte do planeta! 
Dia 4 de janeiro de 1809 você surgiu como energia, encantando corações e avivando mentes. Dia 6 de janeiro de 1852 você nos deixou, como ente físico, permanecendo no cosmos para se expandir em forma de energia universal, segundo a crença
de alguns, acompanhando, feliz, nossos passos, a caminho de nossa
emancipação, com a qual, você permanece contribuindo decisivamente! 
Pena que você não esteja aqui, visivelmente  entre nós, para testemunhar essas vitórias obtidas, com a ajuda significativa do sistema que você criou e que recebeu muito
justamente, o seu nome! 
Pelo seu sistema, aprendemos a escrever, expressando nossas ideias, nossos sentimentos! nos comunicamos, nos informamos sem que haja fronteiras que nos separem, que nos limitem! E ainda dizem que você se foi! Não! Ledo engano! Você está aqui, permanece vivo entre nós! 
É só embarcar no túnel do tempo e pensar que, pelo tato, tivemos, revelando-se no fluir de nossos dedos, um mundo de profunda diversidade de vasto conhecimento, que nos permitiu acesso, desde as primeiras letras, a alcançarmos grossos dicionários, conquistarmos uma gigantesca enciclopédia,
contendo vastos saberes, penetrando em livros de profundos conteúdos, que nos transportam para um mundo de imaginação e reflexão, e revistas e jornais que vêm influenciar nossas consciências, gerações após gerações, até chegarmos aos dias de hoje, quando, por exigência da modernidade,  seu
sistema, beneficamente vem se renovando para retomar seu papel básico, primitivo e original que nos permite  termos ao nosso alcance, informações imprescindíveis, como aquelas colocadas em etiquetas e rótulos de uma já imensa gama de produtos disponíveis no mercado, nos remédios, nos alimentos, de sinalização ordenada de objetos de uso caseiro e pessoal, a transmissão de recados passados em bilhetes, bem como, a disponibilização de uma multiplicidade de livros didáticos e paradidáticos, de literatura em quase todas as áreas do conhecimento, que nos têm tornado capazes de conquistar o mundo! Seu legado é infinito e prova sua forte e duradora presença.
Com o surgimento de novas tecnologias, visando facilitar o nosso desempenho individual, social e profissional, os grupos mais fatalistas afirmam que seu sistema tem os dias contados, já que não sobreviverá às transformações vertiginosas trazidas pela agilidade dos recursos da informática!
Novamente, Ledo engano!     
A história desmentirá, certamente essa afirmação, já que o seu sistema
sobreviverá, cumprindo seu papel de perpetuar nas novas gerações, o
recurso da leitura e da escrita, disseminando conhecimento, em coexistência pacífica, e de forma renovada, lado a lado com a modernidade incontestável dessas ferramentas, trazidas pelas novas tecnologias digitais, que não podem substituir o seu sistema de escrita e leitura! Podem certamente ser um elemento alternativo e facilitador em nossa trajetória de realizações, jamais significando a sua negação.
Você, Louis Braille, e seu sistema, tão genialmente engendrado,
subsistirão, pelo uso em nossa prática cotidiana, em nossa lembrança viva, pela presença em etiquetas, em rótulos de produtos a consumir, em cadernos de nossas anotações, em bilhetes de recados dados e recebidos, em singelas declarações de amor.
Por tudo isso, me dirijo a você, Louis, para expressar no dia de hoje, prodigalizado pela natureza, dia 4 de janeiro de 2015, 2016, e agora 2021, e pelos tempos afora, quando completamos 213 anos de seu nascimento, em nome de toda a nossa coletividade de pessoas cegas de todos os continentes, por seu caráter universalista, a minha mais profunda manifestação de gratidão e meu sincero sentimento de apreço, por sua decisiva contribuição pela conquista da
coletividade cidadã e protagonista.
Palavras, não as tenho mais, já que o que sinto, ultrapassa em muito, a dimensão desse evento, verdadeiro divisor de águas em nossa história de descobertas, como pessoas afirmativas e seres coletivos!
Das primeiras letras tateadas aos bancos universitários, sinto, Louis, a sua indelével e inspiradora presença, pois ela se confunde com o sistema tão sabiamente criado por você, talvez inspirado por aquele capitão, seu conterrâneo, Charles Barbier que há época criou um código tracejado em relevo para se comunicar com seus soldados, repassando para você tal novidade que passou a
partir dali, a inspirá-lo e a habitar seu pensamento.
E foi assim que em 1825 você percebeu que o poder de criar não tem limites, ao desvendar o segredo dos saberes pela exploração do tato.
Certamente esse acontecimento levou a sua força criadora a imaginar que o próximo passo era o de colocar em prática um novo sistema a ser percebido pelos dedos, de modo a permitir a conquista de nossa maior autonomia, a caminho de uma inclusão real, proporcionada pelo acesso à informação de todas as pessoas cegas.
Viva o Braille! Vivamos todos nós, pessoas cegas ou não, perseguindo
sempre uma melhor qualidade de vida!

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